sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os sapatos...

Vagueando em via obscura
Numa ciranda tão incerta,
Os meus passos malfadados
Já não seguem os teus rastros,
Que apagados pelo vento
Aprisionou-me aos meus sapatos.

O solado mesmo gasto,
Caminha cambaleante sem destino,
Tal a nau perdida em águas turvas
Aguardo inculto por uma sorte,
Tão precária e ao acaso
Como se me restasse apenas a morte.

Os meus pés estão dormentes
Sobre as pedras do caminho,
E os calos em meus dedos
São fragmentos da fadiga
Que sobrevive à desesperança
De volver-me incólume numa vida.