sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os sapatos...

Vagueando em via obscura
Numa ciranda tão incerta,
Os meus passos malfadados
Já não seguem os teus rastros,
Que apagados pelo vento
Aprisionou-me aos meus sapatos.

O solado mesmo gasto,
Caminha cambaleante sem destino,
Tal a nau perdida em águas turvas
Aguardo inculto por uma sorte,
Tão precária e ao acaso
Como se me restasse apenas a morte.

Os meus pés estão dormentes
Sobre as pedras do caminho,
E os calos em meus dedos
São fragmentos da fadiga
Que sobrevive à desesperança
De volver-me incólume numa vida.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Minha oração


Meu coração ora em silêncio
Exulta na alegria de poder
Com intimidade e fé constante,
No mais íntimo da alma e
De maneira sobrenatural,
Teu imenso amor conhecer.

Ah, minha oração é incessante
Clama por ti a todo instante
Seja na tarde quente ou na fria noite,
Busca inabalável de puro alimento
Que sacia a fome de vida
Nas tuas promessas tão iminentes.

Tão compassivo e amoroso és tu Senhor,
Ao ouvir meus infindos pedidos
Tantas vezes desnecessários e desmedidos
Entende meu erro e corrige em amor
Responde segundo a Tua vontade
Pois sabe o que é melhor pra mim.

Minha oração é uma tênue ponte,
Que liga a essência ao coração do Pai
Traz paz imensurável num ínfimo instante,
Prolonga a alegria que então se faz,
Deixando marcas tão profundas,
Enchendo com graça infinita o meu ser.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A Manhã


Pela fresta da janela entreaberta gentilmente
Fragmentos de luz sustentam ilustre aurora
E a manhã que floresce perfumando lá fora
Brota sublime fortalecendo a semente.

Gotas de orvalho purificam a paisagem
Em nuances que enfeitam os olhos ao fundo
Como um retrato enlevando o mundo
Convidando o interior a uma delicada viagem.

Inebriante paz sutilmente invade o aposento
E transborda fulgor no dia já tão desperto
O sol se mostra dourado triunfante a céu aberto
Doce alegria da vida derramando acalento.

A manhã chegou enaltecendo a esperança
E jaz o breu que se desfez languidamente
As estrelas se esconderam elegantemente
E a noite de repente se perde na lembrança.

Colhendo nossas lágrimas

Há momentos que nos sentimos tristes
Somos carne e nosso espírito se abate
Por vaidade nos deixamos levar
E coisas tão pequenas parecem entornar.

O choro muitas vezes é inevitável
A garganta parece se fechar
Os olhos embaçados não nos deixam enxergar
Que o Pai lá do alto, vela sem cessar.

O egoísmo nos consome e faz padecer
Sem perceber o coração vai-se estreitando
A luz não ilumina mais o rosto
E do lamento só sentimos o mau gosto

Mas existe um Deus infinito em misericórdia
E a todos que O busca recebe com carinho
As lágrimas uma a uma Ele vai colhendo,
Para não ver um filho amado sofrendo.

A esperança é restaurada neste gesto de amor
O alento vem depressa e embala a alma
Um suspiro de alívio traz consigo a alegria
E a certeza do cuidado é nossa maior garantia.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Pessoal, ando meio sumida daqui. mas é que estava postando minhas poesias, mas como fui participar de um concurso, tive que suspender minhas publicações porque não podia participar com poesias publicadas, então preferi reservá-las um pouco.
Em breve estarei publicando mais. Torçam por mim... Bom fim de semana a todos!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Aproveitem o fim de semana, fiquem com Deus. Beijos...

Avenida Brasil

Sinal verde
Um passo apressado
O tempo corre
Dia afora
Noite adentro
Canção do momento
Enchendo os ouvidos
No carro que passa
Perto da praça,
Vendedor ambulante
Na luta constante
Transeuntes curiosos,
Decotes audaciosos,
Rapaz zombateiro,
Sirene de bombeiro,
Menino que pede
O velhinho que cruza,
Menina no farol
Sorriso sem dente
O gari canta contente,
A vida é latente
E corre a mil,
Tudo acontece
Na Avenida Brasil!

Desvario

Vivo em desatino,
Presa pela louca fantasia
Que me espreita,
Pronta a lançar o meu destino.

Covardemente encolhida,
Assustada,
Solto um grito ensurdecedor
Vindo das entranhas
Que me arranha
A garganta maculada,
Fala inútil, insensata.

Vivo aflita
A mirar...
Os olhos apáticos,
A espera de guarida.

Pés inermes
Se recusam a correr
Envoltos na corda
Imaginária,
Que aperta a sandália,
Queima e machuca
A pele frouxa e abatida.

Vivo, mas a morte
Avassala e vigia,
Impondo um duelo atroz,
entre meu fraco e minha sorte.

Já não ajuízo,
Pois as imagens se misturam
Transformando em medo
A lembrança do óbito
Que ainda não veio.
Sinto esvair-se todo o meu brio e
Rendo-me insana ao cruel desvario.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Esta poesia abaixo foi escrita logo quando comecei a escrever e ficou em 2º lugar em um concurso de poesias, com tema pré-definido por um site, que infelizmente foi extinto, o vivapoesiaviva, onde fiz bons amigos e troquei experiência. Que saudades!
Espelhos e Raízes



Sozinha
Tão somente
De mim vislumbro
Espelhos, reflexo, canção
Refletida imagem em nuances
Que escondem paixões adolescentes
Dementes, contentes, ardentes, envolventes
Vejo espaço atrás do espelho embaçado pela respiração
Encontro comigo mesma num devaneio na figura inerte refletida
Percebo que não estou só sou clone companhia da minha imaginação
E na minha solidão é que me sinto menos só
Há cumplicidade com meu retrato
Nas minhas raízes
Pensamentos
Segredos
Emoções
Evasões
Desejos
Anseios
Rugas
Ruas
Uma solidão solidária que não foge ao meu passado
Que é base do meu coração.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Contradição

Passatempo que passa lento
Leva tormento além do vento
Sopra no espaço palavras ácidas,
Atropela o limite com insana valentia.
Anseia vivência mais abstrata
Jorra o redemoinho de cores altivas,
Um céu estelar sustenha o lusco-fusco
Para brilhar sobre a trilha da ira
Que confunde o rosto dos inocentes
Marcados sensivelmente
Pela canção que toca lenta nos ouvidos,
Com gotas de solidão a derramar devagar
Sobre a aura casta que abriga o tempo.

Quem caminhar sobre a areia fina
E expor sua face à bruma leve da brisa,
Há de sentir o fluxo inerte do cotidiano
Que se deixa levar e deixa para trás,
As prisões dos pensamentos soturnos
Que insistem em denegrir uma era
De exultações cobertas por alegorias
E vicissitudes que estreitam os caminhos.
Mesmo assim, o tempo corre, lento...
Numa eterna contradição,
Como se todos tivessem tempo
Para as injúrias ou tristes lamentos,
Na atmosfera carregada do torpor dos incensos.

Vãs cadeias que apertam os pulsos,
Pois há de soltá-los logo adiante,
Já que o futuro é agora e esvaiu-se,
Como uma onda que quebra na praia
Para recomeçar uma busca constante
Sempre a contemplar o momento por vir
Tornando escravas do relógio,
As mãos distraídas que constroem sua sorte
Seguem esquecidas e enfraquecidas,
rumo a morte...
Prontamente ou mais adiante,
Para descansar eternamente
Nos braços do tempo, infinitamente...

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Um fim de semana abençoado...

Um dia na roça

Uma rosa cardeal sorri e floresce
Numa manhã brilhante de primavera
Com um sol que ilumina e aquece,
Participando um dia doce de quimera.

Belo jardim que ladeia a palhoça,
Em meio ao tapete verde que se derrama
O cheiro do mato inebria toda a roça,
Lebres brincam faceiras sobre a grama.

A noite se mostra altiva e triunfante,
Um rancho reluz silencioso, como se esquecido,
O riacho insinua uma canção retirante,
Os colonos se recolhem ao descanso merecido.

Quando o lume se faz brilhante
Todas as cores se misturam numa bela nuança,
Num breu supremo de luzes alucinantes,
A velar o sono da sonhadora criança.
Para começarmos a sexta-feira com simplicidade...

Simples Cidade

Simplicidade na
Simples cidade
De lares sadios,
Jardins beira-rio,
Montes e morros,
Praças e anciãos,
Que enfeitam, historiam
Traduzem alegrias
De contos de tias
Que fazem oração!

Simplicidade na
Simples cidade
De crianças que correm
No meio da rua,
Pulam amarelinha,
Empinam a pipa,
Peteca, pião,
Bola de gude,
Esconde-esconde,
Do bicho papão!

Simplicidade na
Simples cidade
De lendas e causos
Lembranças e canções
Embalando os pares
Em bailes e bares
Na noite que guarda
Nos cantos escuros
Juras contidas
Com pura emoção!

Simplicidade na
Simples cidade
Que guarda no armário
Poeira com odor de madeira,
Retratos amarelados,
Saudoso folhetim
De penas precisas
Em letras e missivas
Que contam uma vida
De memórias sem fim!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Izabela Bela

Izabela bela,
Desfila na passarela
Da nossa imaginação.
Vive guardada
Num canto invisível
Secreto segredo
De dois corações.

Izabela menina
Que encanta a vida
Na longa espera
De um dia quimera
Segurar-te nos braços
Fazer-te um afago
Chorar de emoção.

Izabela esperança
Primeira de pai,
Alegria e sonho
Encantado de mãe.
Chega, vem breve,
Trazendo consigo
Sorriso inocente
Que é para a gente
Cantar-te uma canção.
Pôr-do-sol em Beagá, do Alta Vila...

Às vezes um corriqueiro entardecer para as pessoas “normais”, se torna uma fonte inesgotável de versos para aqueles que vêem com olhos de poeta. Se for então, o pôr do sol de Belo Horizonte é impossível não sentir uma alegria inexplicável. Assim, vou vivendo tentando ver poesia em tudo, uma folha caída, nuvens desenhadas, ônibus lotado ou um papel em branco... Poetisa assídua, eu? Não. Sei que tenho em mim um amor que não oxida nunca e que me dá o privilégio de versejar de vez em quando. Muitas vezes me vejo diante de cenários, dignos de lirismo escancarado, mas me faltam as palavras. Talvez por que eu não seja perfeita, tudo bem, ninguém é. Apenas escrevo, é dom de Deus, não tem explicação. Não tenho curso superior, coisas da vida, nem livro publicado, quem sabe algum dia...