terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Tempo


O ponteiro corre apressado
Atravessa a madrugada em sono,
As horas não perdoam
E surge mais um dia de outono.

O tempo às vezes é inimigo,
Apaga o calor e mata o amor
Aumenta a saudade
Do amigo fiel que parte.

O tempo é desleal
Estragou o meu jornal
Destruiu meu ideal
Acabou meu carnaval.

A vida é submissa
Vive a mercê do tempo,
Quando passa depressa
É motivo de lamento.

Traz rugas e não perdoa
Leva consigo os entes queridos,
Se longo, enfraquece os corpos,
Mas mantém a alegria dos validos.

Se passa devagar, nota-se ligeiro
Que devagar é mero engano,
Que as estações se foram
E já chegou final o ano.

Mas, ele também é meu amigo,
Apaga mágoas e decepções
Cria novas possibilidades
De encontrar outros corações.

Vai tempo, não perca seu tempo
Segue teu caminho de contradição
Que o passado de ontem,
Já virou saudosa tradição!

Letra sobre letra


Não ficará letra sobre letra
Só papel com uma digital
Fotografia da sociedade burra
Sem carteira, lousa ou “mobral”

Aqui jaz uma inocente pátria,
Numa tumba sem educação
Cheia de mortos do entendimento
Extenuando a esperança do coração.

Onde esta a poesia ao alcance da mão?
Seja branca ou com rima qualquer,
Belas estórias de faz-de-conta,
Em uma literatura bem-me-quer...

Não há incentivo para nossos infantes
De forma eloqüente e criativa
Dão internet, mp3, vídeo-games,
Mas não sensibilidade para uma vida ativa.

Este é o futuro que chegou!
E abertas ainda estão muitas feridas
Nas fundas rugas e dedos atrofiados
Memórias se perderam esquecidas.