sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Contradição

Passatempo que passa lento

Leva tormento além do vento

Sopra no espaço palavras ácidas,

Atropela o limite com insana valentia.

Anseia vivência mais abstrata

Jorra o redemoinho de cores altivas,

Um céu estelar sustenha o lusco-fusco

Para brilhar sobre a trilha da ira

Que confunde o rosto dos inocentes

Marcados sensivelmente

Pela canção que toca lenta nos ouvidos,

Com gotas de solidão a derramar devagar

Sobre a aura casta que abriga o tempo.

Quem caminhar sobre a areia fina

E expor sua face à bruma leve da brisa,

Há de sentir o fluxo inerte do cotidiano

Que se deixa levar e deixa para trás,

As prisões dos pensamentos soturnos

Que insistem em denegrir uma era

De exultações cobertas por alegorias

E vicissitudes que estreitam os caminhos.

Mesmo assim, o tempo corre, lento...

Numa eterna contradição,

Como se todos tivessem tempo

Para as injúrias ou tristes lamentos,

Na atmosfera carregada do torpor dos incensos.

Vãs cadeias que apertam os pulsos,

Pois há de soltá-los logo adiante,

Já que o futuro é agora e esvaiu-se,

Como uma onda que quebra na praia

Para recomeçar uma busca constante

Sempre a contemplar o momento por vir

Tornando escravas do relógio,

As mãos distraídas que constroem sua sorte

Seguem esquecidas e enfraquecidas,

rumo a morte...

Prontamente ou mais adiante,

Para descansar eternamente

Nos braços do tempo, infinitamente...

Quando o sentimento é forte, verdadeiro, latente, as palavras faltam, aliás, elas são quase desnecessárias. Um toque suave, o olhar profundo, o cheiro que exala e a percepção do outro, é o que conta... As palavras? Podem e devem ser sussurradas, sem sentido, mas com paixão e entrega.
Um leve sopro na orelha, um suspirar entre cabelos, um abraço intenso, fala mais alto que qualquer coisa a ser dita e ai o sussurrar é poesia, é arrepio...

Tenha um dia cheio de amor!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Estou tentando voltar devarinho, o tempo é curto, a vida é corrida, é que se ouve o tempo todo. Mas pretendo escrever mais, postar mais e também preciso dos amigos. Estamos entrando no feriadão. Pra mim, tempo de reflexão e muito trabalho da faculdade, provavelmente vou aparecer por aqui. Aproveitem o feriado com responsabilidade! Deixo um poemínimo, só pra não perder o costume...


Abandono

Penso, logo desisto
Minha vida sem você
Corre sério risco.
Beijos a todos!

No mundo da cibernética...

A modernidade está ai exalando nos poros de todos, o tempo todo, tudo está na “rede”, tudo que se quer saber, ver, conhecer, basta um clique e lá estamos nós, nos inteirando do assunto. Dinossauros, astronautas, plantas, crianças, doenças, corrupção, educação e infinidades de temas. Assuntos antes proibidos em épocas de ditadura hoje, estão escancarados. Somos pós-modernos, contemporâneos...ops, esqueci-me do Orkut e afins, lá deparamos com toda sorte de pessoas, fakes, comunidades, variedades, o mundo cibernético totalmente aberto e atrativo. Nem os veteranos escapam das garras das redes de relacionamentos e sabem por quê? Lá encontramos nossas relíquias! Isso mesmo, escolas que estudamos na infância, amigos que não víamos há “trocentos” anos, professores queridos, muitos que nem estão mais entre nós. Ah! ai sim, a identificação é imediata e os veteranos se vêem às voltas com o mundo da net, todos os dias, os dedos ágeis, claro, melhor que muita gente, passamos nossa adolescência em frente a uma Remington, os artelhos doloridos pelo esforço que fazíamos para ver uma palavra aparecer no papel. Revivemos tudo, e começamos uma troca de informações ávidas e descobrimos que aquele menino franzino apático que sentava no cantinho da sala e carregava a bolsa da professora, tornou-se um executivo de sucesso e aquela menina, linda, inteligente, estudiosa, que sentava na primeira fila, tornou-se uma dona de casa, cheia de filhos, mudou-se pra Jampruca por causa do marido e seu contato com o mundo externo é a net onde ela se acaba, como e quisesse dizer, olha, sou ultrapassada, mas ainda estou viva! Isto, sem falar nos amores do passado que vamos descobrindo e a curiosidade de saber como estão, o que fazem, se casaram... e por ai vai, a bisbilhotice não tem fim, é como aquelas correntes que nos mandam, um vai passando pro outro que vai encontrando ao longo do caminho até o momento em que um fala ”temos que nos encontrar”. Acabou. Parou por ai, perdeu o encanto, por que na verdade, ninguém quer se encontrar efetivamente, o que se quer mesmo, é relembrar, reviver, mas de forma lúdica e virtual, no exato sentido da palavra. O encontrar em si, não é tão importante, o que se quer é saber o que foi feito dos sonhos das pessoas que um dia fizerem parte de nossas vidas. Uns vão se perdendo novamente, alguns até se encontram, mas para a maioria o que fica mesmo são as lembranças, aquele recados esporádicos e vez por outra surge a mesma frase “precisamos nos encontrar...” até se perderem novamente.