segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Contradição

Passatempo que passa lento
Leva tormento além do vento
Sopra no espaço palavras ácidas,
Atropela o limite com insana valentia.
Anseia vivência mais abstrata
Jorra o redemoinho de cores altivas,
Um céu estelar sustenha o lusco-fusco
Para brilhar sobre a trilha da ira
Que confunde o rosto dos inocentes
Marcados sensivelmente
Pela canção que toca lenta nos ouvidos,
Com gotas de solidão a derramar devagar
Sobre a aura casta que abriga o tempo.

Quem caminhar sobre a areia fina
E expor sua face à bruma leve da brisa,
Há de sentir o fluxo inerte do cotidiano
Que se deixa levar e deixa para trás,
As prisões dos pensamentos soturnos
Que insistem em denegrir uma era
De exultações cobertas por alegorias
E vicissitudes que estreitam os caminhos.
Mesmo assim, o tempo corre, lento...
Numa eterna contradição,
Como se todos tivessem tempo
Para as injúrias ou tristes lamentos,
Na atmosfera carregada do torpor dos incensos.

Vãs cadeias que apertam os pulsos,
Pois há de soltá-los logo adiante,
Já que o futuro é agora e esvaiu-se,
Como uma onda que quebra na praia
Para recomeçar uma busca constante
Sempre a contemplar o momento por vir
Tornando escravas do relógio,
As mãos distraídas que constroem sua sorte
Seguem esquecidas e enfraquecidas,
rumo a morte...
Prontamente ou mais adiante,
Para descansar eternamente
Nos braços do tempo, infinitamente...

2 comentários:

  1. Suas poesis são muito lindas. Vc está desperdiçada. Beijos

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  2. Tudo o que você escreveu é muito bonito e transmite expressividade. Hoje li algumas de suas poesias. Encantado.
    Bob - Montes Claros, 24/01

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